segunda-feira, 25 de junho de 2012

Plataforma da Ead


ESTUDO COMPARATIVO DAS PLATAFORMAS DE

ENSINO-APRENDIZAGEM

Florianópolis (SC), 05/2010

Patricia Gabardo

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do

Conhecimento - EGC/UFSC, Florianópolis, SC

patriciagabardo@hotmail.com

Silvia Quevedo

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do

Conhecimento – EGC/UFSC, Florianópolis, SC

silviaprojetos@hotmail.com

Vânia Ribas Ulbricht

Profª Doutora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do

Conhecimento – EGC/UFSC, Florianópolis, SC

ulbricht@floripa.com.br

Setor Educacional: Educação Continuada em Geral

Natureza: Modelos de Planejamento

Classe: Investigação Cientifica


RESUMO

O impulso registrado pela Educação a Distância (EAD) com o desenvolvimento

das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nos últimos anos

demonstra o aperfeiçoamento tecnológico dos ambientes virtuais de

aprendizagem. O fato requereu a necessidade de aperfeiçoar-se o uso de

novas ferramentas, potencializando seu uso e propondo uma nova visão

pedagógica à modalidade, que é o de contribuir para o aprendizado autônomo

do aluno, porém de forma mais colaborativa. Neste aspecto, as plataformas

utilizadas pelas Instituições de Ensino Superior para EAD estariam de acordo

com esta nova visão? Estudo de caso relativo às plataformas para ensino e

aprendizagem utilizadas no Brasil demonstra o largo caminho que há para ser

percorrido na potencialização das novas tecnologias.


PALAVRAS CHAVES:

Plataforma Virtual, Ensino a Distância, Tecnologias de Informação e Comunicação


1. INTRODUÇÃO

A Educação a Distância desempenha hoje papéis múltiplos, que vão desde a atualização de conhecimentos específicos até a formação profissional. Assim,
as práticas de Educação a Distância têm algo a contribuir para o desenvolvimento educacional de um país, notadamente de uma sociedade com as
características brasileiras, em que o sistema educacional não consegue desenvolver as múltiplas ações que a cidadania requer (SILVEIRA, 2007).
   Considerando o grande desafio de educar e, principalmente, o de educar a distância, torna-se imperativo que as instituições de ensino,independente
de sua natureza, trabalhem em projetos de Educação a Distância focados na mudança de paradigmas e no surgimento de uma nova cultura sobre essa
modalidade de ensino, que se apresenta como tendência consolidada em um processo irreversível.
   Nesse contexto, desenvolver novos e eficazes métodos de educação torna-se relevante para a construção de uma sociedade baseada
no conhecimento,exigindo-se mais do que uma simples capacitação.Porém, para muitos pesquisadores, entre eles Albert Sangrá Morer
(2007), um dos aspectos relacionados hoje à inovação em e-learning reside no fato de a modalidade estar mais centrada nos modelos educacionais
do que nas soluções tecnológicas.Mas não é difícil perceber que ambos os modelos necessitam de simbiose.

Marc J. Rosenberg (2007) também estima um e-learning menos associado a um curso e mais voltado ao conhecimento,e para isso
considera o uso da web 2.0 como fundamental.Ele destaca a importância das novas ferramentas e tecnologias, assim como as comunidades
de prática, wikis, blogs, podcasts(and videcasts), mensagens instantâneas, e redes de relacionamento,que dão aos profissionais do ensino
não somente novas oportunidades de criar e distribuir conteúdo, mas novas formas de criar interação entre os estudantes.
   Desta forma, afirma Rosenberg (2007), a web 2.0 representa a nova geração de estratégias de estudo; estudantes se tornam
professores, professores se tornam facilitadores e todos se tornam “contribuidores” do conhecimento,assim como bons “consumidores”
do conhecimento.
 
Morer (2007) defende que, na verdade, o e-learning bem sucedido reside no equilíbrio do incremento à qualidade na educação e no design
instrucional: ou seja, a direção da educação versus a direção da tecnologia. Não é possível considerar um e desdenhar o outro.A inovação em
e-learning a ser questionada conduz ao fato de que o sistema deve ser aberto, bem desenhado em relação ao design, adaptativo e
flexível, com menos barreiras e mais inclusão, como enfatiza Ehlers (2007).Como podemos promover acesso a todos, melhorar o uso de habilidades e
promover qualidade na usabilidade? Uma sociedade que promove inovações e desenvolve-se por meio de estudo deve ter todos (todo mundo) juntos.
Nós não podemos perder as mentes criativas daqueles que não têm acesso à educação, à tecnologia, ao estudo e a infraestrutura do conhecimento.
E-learning para todos requer romper, derrubar as barreiras para aqueles que não têm acesso às novas infraestruturas do conhecimento.E abrir a
aproximação à inclusão envolve abrir um convite a todos os grupos (stakeholder groups) em direção ao diálogo de como as barreiras da motivação,
tecnologia, da pedagogia e de acesso podem ser vencidas. (EHLERS, 2007, p. 17)

  Assim, as plataformas de ambientes virtuais a distância adquirem real importância, pois o sucesso do e-learning que ela busca contemplar está
visceralmente ligado a sua construção. Neste processo é importante que o aluno alcance a produção de conhecimento significativo,onde o conhecimento
se incorpore em seu mundo intelectual e vivencial.Porém, se a aprendizagem em e-learning deve ser contextualizada,significativa e colaborativa,
quando “na rede flutuam instrumentos privilegiados de inteligência coletiva,capazes de gradual e processualmente fomentar uma ética por interações,
assentada em princípios de diálogo, de cooperação, de negociação e participação” (MORAES, 2001, p. 69), estaria a plataforma construída de forma
a proporcionar tudo isso? E mais: estão as plataformas adequadamente aptas a tornar o estudo mais fácil e melhor;oferecem ferramentas necessárias a um desenvolvimento autônomo, a fim de que o estudante possa aperceber-se de que desenvolve conhecimento por si,gerando mais comprometimento?

  Com base na metodologia proposta por GIL (2002) de estudo de caso, buscouse responder a estas questões, estabelecendo estudos comparativos entre as
plataformas mais citadas nas fontes de pesquisa. A julgar pela configuração apresentada, os resultados demonstram a importância de ater-se em
melhorias, à otimização do potencial das plataformas, tanto do ponto de vista tecnológico quanto pedagógico.

2. MÉTODO E ANÁLISE DAS PLATAFORMAS PARA EAD

Para facilitar a criação de ambientes de aprendizagem existem diversas plataformas disponíveis.Nelas,estão embutidos contornos tecnológicos e
pedagógicos para o desenvolvimento de metodologias educacionais,utilizando canais de interação web aptos a oferecer suporte para atividades
educacionais de forma virtual.

Mapear as plataformas mais utilizadas atualmente para cursos de ead no Brasil foi uma tarefa desenvolvida minuciosamente. Seguindo o proposto por
Gil (2002) optou-se pelo estudo de caso com amostragem intencional, dentro dos parâmetros indicados pelo autor, que indica como ideal a análise
de 4 a 10 objetos de pesquisa. Como ele afirma, a análise inferior a 4 permite baixo nível de informação, e superior a 10 pode levar ao excesso de informação.
Assim, optou-se por selecionar as 8 plataformas mais citadas nas fontes de pesquisa e utilizadas pelas IES no Brasil. Foram escolhidas as seguintes
plataformas: TelEduc, AulaNet, Amadeus, Eureka, Moodle, e-Proinfo, Learning Space e WebCT. Com objetivo de apurar suas diferenças,foram estabelecidos
critérios de análise, a saber: distribuição,princípios pedagógicos,aprendizagem colaborativa, interatividade, multimídia, usabilidade e acessibilidade.

  Os sites da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação(MEC) e da Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) não explicitam
qual o tipo de plataforma utilizado pelas instituições. De acordo com a ABED,“cada instituição tem sua metodologia e seu esquema de trabalho, por isso
cabe à instituição fornecer informações sobre o funcionamento de seu cursos”.Já o MEC informa apenas a existência, em 2009, de 145 instituições
credenciadas no país para a oferta de cursos na modalidade a distância que,juntas, contam com universo de 760.000 alunos.O número aponta para um crescimento, considerando que a ABED utiliza a referência de 2004 quando, segundo a Associação, existiam 116 instituições operando nessa modalidade.O período de tempo demarcado como referência para a ABED coincide com levantamento de Maia, Meirelles e Pela (2004),da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que, ao buscarem
respostas para a evasão no ensino a distância no Brasil, associando-a ao uso da tecnologia,mapearam as plataformas mais utilizadas por 22 IES participantes de sua pesquisa.O resultado evidenciou que, em 2004, 64% das instituições consultadas por estes pesquisadores utilizavam plataforma própria, em segundo lugar figurava
a plataforma Learning Space (18%), seguida pela AulaNet (9%) e WebCT(5%),aqui consideradas neste estudo de caso. Porém, este é o resultado mais
recente. A revisão sistemática no Portal da Coodernação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) não apresentou resultados mais
recentes. Porém, a busca pelos sites das maiores IES do país indicam que a realidade de 2004 mudou com o avanço da tecnologia, o desenvolvimento de
mais e melhores plataformas. Há uma crescente utilização da plataforma Moodle, presente atualmente em 206 países e com 47.000 sites instalados registrados,
como se verá em sua descrição.

A análise do recorte delimitado ficou assim constituída:

·
TelEduc (http://www.teleduc.org.br/):

De acordo com informação divulgada no site, o TelEduc foi concebido com alvo

no processo de formação de professores para informática educativa,

baseando-se na metodologia de formação contextualizada desenvolvida por

pesquisadores do Nied (Núcleo de Informática Aplicada à Educação) da

Unicamp (Universidade de Campinas, SP). Com mais de 4 mil instituições

cadastradas, foi criado de forma participativa, tendo suas ferramentas sido

idealizadas e projetadas de acordo com as necessidades relatadas por seus

usuários, apresentando funcionalidades em três grupos: ferramentas de

coordenação, administração e comunicação.

·
Aulanet (http://www.eduweb.com.br/elearning_tecnologia.asp):

O Edu web/AulaNet é um software LMS (Learning Management System), cuja

ferramenta foi desenvolvida no Laboratório de Engenharia de Software - LES -

do Departamento de Informática da PUC-Rio, em1997.

A EduWeb é distribuidora e representante exclusiva do software. Sua

distribuição é feita gratuitamente pela empresa por meio de download ou por

aquisição de CD-Rom. Com uma base instalada de mais de 4.100 AulaNet's no

Brasil e no exterior, o software já possui versões em inglês e espanhol.

·
Amadeus (http://amadeus.cin.ufpe.br/index.html/):

O Projeto Amadeus, como se informa no site, visa o desenvolvimento de um

sistema de gestão da aprendizagem de segunda geração, baseado no conceito

de
blended learning. Foi projetado pelo Centro de Informática da UFPE

(Universidade Federal de Pernambuco) sob o enfoque de estímulo e interação

do aprendizado pela ação.

O Projeto permite estender as experiências adquiridas de usuários de

educação a distância para diversas plataformas (Internet,
desktop, celulares,

PDAs
, e futuramente TV Digital) de forma integrada e consistente.

·
Eureka (http://eureka.pucpr.br/entrada/index.php):

Projeto de pesquisa do Laboratório de Mídias Interativas (LAMI) da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o Eureka informa ter o objetivo de

promover educação e treinamento a distância por meio da internet.

Seu principal diferencial em relação às plataformas observadas é a utilização

de áudio do texto escrito em todas as telas acessadas.

·
Moodle (http://moodle.org/login/index.php ):

Software livre de apoio à aprendizagem, desenvolvido em php e com banco de

dados MySQL, PostgreSQL, Oracle, Access, Interbase, através da colaboração

da comunidade virtual. Foi desenhado por um educador e informático, Martin

Dougiamas – criador e diretor de desenvolvimento -, baseando-se nos

princípios do “construtivismo social”. Distribui-se sob licença Open Source: é

livre para carregar, usar, modificar e até mesmo distribuir (sob a condição do

GNU).

A palavra Moodle referia-se, originalmente, às iniciais de "Modular Object-

Oriented Dynamic Learning Environment", que é especialmente significativo

para programadores e investigadores da área da educação.

Em inglês, Moodle é também um verbo que descreve a ação que, com

freqüência, conduz a resultados criativos, de deambular com preguiça,

enquanto se faz com gosto o que for aparecendo para fazer. Desta forma, o

nome Moodle aplica-se tanto à forma como foi feito, como à forma como um

aluno ou docente se envolve numa disciplina "em-linha".

·
E-Proinfo (http://eproinfo.mec.gov.br/):

O e-ProInfo é um software público, desenvolvido pela Secretaria de Educação

a Distância (SEED) do Ministério da Educação e licenciado por meio da GPLGNU,

Licença Pública Geral. Oferece projetos colaborativos e, no item

interatividade, tira-dúvidas, agenda, diário, bilbioteca, aviso, correio eletrônico e

chat.

Não permite acesso a deficientes auditivos e visuais, só aceita usuário

cadastrado no ambiente para permitir outras informações. Tem baixa

usabilidade, os links não funcionam, a tela não aparece inteira, há pouca

informação ao usuário visitante.

·
WebCT (https://www.elc.uga.edu/webct/entryPageIns.dowebct):

Desenvolvido pelo grupo de Murraw W. Goldberg, da
University of British

Columbia
, o WebCT (Web Course Tools) fornece um conjunto de ferramentas

que facilita a criação de cursos educacionais.

O ambiente contém uma série de ferramentas educacionais, como: sistema de

conferência,
chat, correio eletrônico, acompanhamento do aluno, suporte para

projetos colaborativos, auto-avaliação, questionários, distribuição e controle de

notas, glossário, controle de acesso, calendário do curso, geração automática

de índices e pesquisa, entre outras.

A interface para autoria de cursos no WebCT contém opções para criar páginas

(ou importar páginas de texto ou HTML existentes) e para incorporar

ferramentas educacionais dentro das páginas. Após a criação de uma página, o

autor deve indicar a localização relativa dessa página no curso.

Além de ferramentas educacionais que auxiliam o aprendizado, a comunicação

e a colaboração, o WebCT também fornece um conjunto de ferramentas

administrativas para auxiliar o autor no processo de gerenciamento e melhoria

contínua do curso.

O WebCT é um dos ambientes de aprendizagem mais utilizados para

educação a distância. Sua interface pode ser configurada para funcionar em

vários idiomas (inglês, francês, espanhol, português e outros). É utilizado em

milhares de instituições em mais de 70 países.

·
LearningSpace (http://openlearn.open.ac.uk/ ):

O desenvolvimento do site começou em maio de 2006, oferece uma ampla

gama de áreas para Educação a Distância. Em abril de 2008, o OpenLearn

atingiu a meta de ter 5.400 horas de conteúdo de aprendizagem no

LearningSpace e 8.100 horas no LabSpace.

O ambiente inclui ferramentas de auto-avaliação, fóruns e uma experiência

personalizada de colaboração ao aluno, com criação e utilização de materiais

de aprendizagem.

Para comunicação, o LearningSpace utiliza ferramentas de rede social para

replicar os diferentes modos informais de comunicação e aprendizagem que

acontecem em um campus tradicional.

3. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS X PLATAFORMAS

É importante perceber que o uso das tecnologias da comunicação não muda,

em princípio, as questões inerentes a qualquer projeto educativo. Há sempre

que responder: para quem, para quê e como o projeto será desenvolvido. O

processo de ensino-aprendizagem deve contextualizar a teoria e aproximá-la

da realidade acadêmica. Quando se desenvolve um ambiente de

aprendizagem, faz-se uma opção teórico-metodológica (ALONSO, 2000).

Para o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem é necessário o

desenvolvimento de uma base epistemológica múltipla e convergente, com a

formação de um sujeito ativo, crítico, reflexivo, deliberativo, ético e autônomo

(FREIRE, 1997).

O ambiente virtual precisa refletir em suas estratégias de ensino e

aprendizagem o esboço de mundo desejado e atualizar a expectativa de

constituir uma alavanca para a inovação pedagógica. Por isso, o processo de

ensino-aprendizado não pode ser limitado à transmissão do conhecimento,

mas deve ser incrementado levando à construção de competências que

capacitem a tarefas intelectuais de concepção, estudo e organização

necessárias ao futuro profissional (DELORS, 1998).

Em tal contexto, como observa Wenger (2007, p. 27), é uma tarefa difícil

designar uma comunidade e a plataforma “rica” o suficiente para a comunidade

fazer tudo o que quer fazer: “A plataforma tecnológica não deveria ser tão

complexa para se tornar um obstáculo ao ensino. O importante é começar com

a comunidade, compreender como ela funciona e então prover as ferramentas

que a farão seguir em frente.”

A autora enfatiza que a tecnologia é importante para que a comunidade

entenda como pode interagir e estudar coletivamente. Os membros da

comunidade devem ser capazes de trazer sua prática para dentro da interação.

Isso pode ser mais simples se fizerem progressos com e-mail, com sistemas de

conversação e blogs. Muitas comunidades também criam um repositório de

recursos a serem compartilhados. Aqui, novamente, em muitos casos, um

simples mecanismo de compartilhamento poderá funcionar. Então será

possível tornar muito mais sofisticada a base de interação conjunta e de

recursos compartilhados.

As pessoas deveriam ser capazes de comentar ou compartilhar recursos,

discussões entre elas, ou modificar-se coletivamente? As interações deveriam ser

capturadas em documentos que se tornaram recursos compartilhados, como

arquivos, notas e sumários? As interações e os recursos compartilhados deveriam

ser síncronos ou assíncronos. A comunidade deveria ser capaz de promover

encontros a distância? Se sim, deveria uma “phone conference” ser precedida de

uma conversação online e se tornar um arquivo MP3 depois? (WENGER, 2007, p.

28)

Outro aspecto a ser considerado é a estratégia de ação do grupo. “Quem pode

pertencer? Como gerenciar os limites? As pessoas precisam estudar uma

tecnologia específica para essa comunidade? Ou podem usar seu software

favorito?”, questiona a autora (WENGER, 2007, pág. 28). Ela reforça a ideia de

que uma comunidade não pode ser limitada por uma plataforma.

Os membros devem querer oportunidades para e usar todas as ferramentas que

permitem atingir seu propósito. Assim, a mesma integração se torna, então,

importante. Com a web 2.0, contudo, a integração não é, necessariamente, um

meio integrador de uma plataforma sólida, mas a integração de ferramentas que

podem trabalhar juntas. Essa é uma questão de plataforma muito mais dinâmica,

somente quando a comunidade é um processo dinâmico de estudo/ensino

conjunto, coletivo. (WENGER, 2007, p. 28)

De Masi (1999) analisa de maneira abrangente os métodos tradicionais de

ensino, em especial o modelo escolar tradicional, observando o fim da sua era

ao destacar o que considera horários rígidos, currículo alienante e forma de

trabalho baseado nas relações da era industrial. Argumenta que o trabalhador

da sociedade do conhecimento precisa de subsídios, métodos e ferramentas

que o auxiliem no processo de atualização e renovação constante, pois novas

tecnologias, técnicas e metodologias são fatores de alteração contínua do seu

ambiente de trabalho.

Com efeito, também Rosenberg (2207) considera que, enquanto se investe em

opções ao ensino formal, será necessário, igualmente, somar ao e-learning

mais informação e soluções colaborativas com foco específico no trabalho das

pessoas. Ele deve se mover para além de um curso e da sala de aula e ir em

direção ao trabalho.

Assim, como se observou neste estudo comparativo, as plataformas

desenvolvidas para ambientes virtuais de ensino a distância apresentam

lacunas em sua construção e/ou apresentação (veja tabela 1). Há disparidade

em relação à oferta de ferramentas para o aprendizado colaborativo, assim

como em relação à interatividade. Algumas plataformas, como se viu,

apresentam mais recursos em uma e outra modalidade. Embora enfatizem a

utilização de sistemas multimídia, seus sites não informam sobre os recursos

disponíveis.

Tabela 1 - Plataformas de Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Plataforma Sistema de

Distribuição

Princípios Pedagógicos

Aprendizagem

colaborativa

Interatividade

Multimídia Usabilidade Acessível

Tel Educ Pode ser redistribuido ou modificado nos termos da GNU
(General Public License)Não apresenta Grupos de discussão

.Correio eletrônico

.Mural

.Portfólio

.Diário de bordo

.Bate-papo

.Enquetes

.Fórum de discussão Não apresenta Alta,facilidade de uso
explicativa quanto ao uso Não acessível a defic.auditivo e visual

.Edu web/Aula net Disponibiliza do gratuitamente Não apresenta


O quesito acessibilidade é o menos contemplado. A exceção é do Learning

Space, que menciona o cumprimento às regras propostas pelo W3C,

organismo internacional que orienta normas em relação à acessibilidade. Além

desta plataforma, somente outras duas – Eureka, que apresenta áudio, e o

Moodle, que atende o deficiente visual – atendem, parcialmente, este item. O

que comprova, entre outros fatores, quão distantes estão em explorar

adequadamente os recursos oferecidos pela web 2.0. Em relação à arquitetura

da informação, pecam pela falta de clareza em sua exposição, item destacado

como sendo de valor fundamental por Rosenfeld e Morville (2002). A

consequência é a falta de orientação ao usuário.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das plataformas para ambientes virtuais de ensino-aprendizagem demonstra que estas estão aquém do que podem representar
em inovação,pois,de modo geral, não refletem o equilíbrio necessário entre o aspecto Eureka Desenvolvido para comunidade acadêmica
da PUCPR,não apresenta Propõe atividade colaborativa

.Correio eletrônico

.Listas de discussão

.Fórum de discussão

.Oferece áudio com o texto

.Alta,facilidade de uso

.Explicativa quanto ao uso

.Não acessível a defic.auditivo

.Parcialmente acessível ao deficiente visual (só áudio, sem leitor de tela)
e-Proinfo Disponibilizado para entidades e Instituições conveniada.

.Proposta colaborativa

.Tira-dúvidas

.Agenda

.Diário

.Biblioteca

.Avisos

.Correio eletrônico

.Chat

.Fórum de discussão

.Banco de projetos

.Estatística de atividade dos alunos não apresenta

.Baixa, links não funcionam

.Não explicativa quanto ao uso

.Não acessível a deficiente auditivo e visual Moodle Pode ser redistribuido
ou modificado nos termos da GNU(General Public License)Proposta colaborativa

.Fórum de discussão

.Gestão de conteúdos

.Blogs

.Wikis

.Vídeoconferência

.Certificados digitais

.Oferece ferramenta p/defic.visual Parcialmente
acessível (só p/defc.visual)WebCT Software proprietário
provedor de e-learning para instituições de ensino.


Pedagógico e o tecnológico propugnado pela Educação a Distância. Tampouco

exploram as potencialidades oferecidas pela web 2.0 como alavancas para um

desempenho global, completo. Proporcionam pouca informação a respeito dos

cursos (e recursos) oferecidos, limitam o acesso de usuários visitantes, não

são de fácil utilização – muitas vezes há links e mesmo barras de rolagem que

não funcionam. Acessibilidade para pessoas deficientes é o quesito menos

atendido.

Veen (2007) afirma que, para criar valor no futuro, o e-learning terá que ser

reinventado. Ao mesmo tempo em que se busca prover o ensino formal com

mais opções e cuidados, assim também será necessário, para os ambientes

virtuais de aprendizagem, e suas respectivas plataformas, intensificar a

qualidade da informação, primar por soluções colaborativas para o

desenvolvimento de um “espírito” de comunidade, a fim de que a construção do

ensino-aprendizagem virtual apresente, comprovadamente, eficácia a todos os

participantes, com acessibilidade universal.

O autor argumenta que o foco deve deslocar-se para além de um curso e da

sala de aula, indo em direção ao trabalho das pessoas. “Reinventar o elearning

é, de diferentes modos, reinventar o próprio ensino” (VEEN, 2007, p.

22). Assim, as plataformas de ensino-aprendizagem deveriam espelhar a

construção do conhecimento com o potencial inerente à tecnologia

contemporânea e futura, sem deixar de lado o aspecto educacional para

absorção autônoma desse saber.

A atenção a esta questão poderá conduzir as plataformas e, como tal, o elearning,

de “ambientes fechados” em grupos a uma verdadeira abertura ao

conhecimento. Utilizando a web 2.0 em todo seu potencial, contemplarão

individualidades sem desdenhar o compartilhamento coletivo, incluindo os que

ainda esbarram nas barreiras físicas e/ou sensoriais. Terão chance de ser,

como Veen (2007) imagina suas “salas de aulas” do futuro, “com mais espaço

para a criatividade, mais espaço para a fantasia, mais incumbências básicas

discutidas, alguns jogos, com algo mais para uma abertura”. (VEEN, 2007,

p.70)

Do inglês, o termo “openness” é utilizado pelo autor para se referir à “abertura”,

mas em português, a língua contempla outros valiosos substantivos: ausência

de reserva, capacidade receptiva, franqueza, suavidade. Palavras que cabem,

todas, em bons exemplos de excelência em Educação a Distância, que as

plataformas virtuais de ensino-aprendizagem deveriam – e, espera-se, deverão

- contemplar.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponível em: <http://www.uned.es/cued/boletin.html>.

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MORER, Albert Sangrá. E-learning value. E-LEARNING, Lisboa 2007 –

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